segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A janela discreta


Abrimos uma janela discreta
Onde a Musa se pôs à janela para te ouvir “cantar”
Numa voz tão melodiosa
Tantas vezes desejosa….

Nessa janela discreta vislumbro o teu rosto jovem
Vislumbro o teu olhar
Que anseio por tocar.
Esse olhar que transforma o que sente numa chama
Que queima a pele de quem o ama
Essa chama que consome a alma da Musa que sente mas não o diz
mas num suspiro deseja que fiques aqui.
Nessa janela discreta que ficou aberta
Entraste tu com o teu encanto e derrubaste esse prato que destruiu os inocentes.
Tens no olhar a intensidade de um beijo
E nas mãos a força de um desejo: encontrar a Musa que te ama
Que se prende e agarra ao corpo que é teu.
E tu Poeta que cantas as suas odisseias
Continuas a usar as linhas de suporte para tecer a teia
que a prendeu a ti.
Essa Musa eterna feiticeira dos teus sonhos  ao acordar ,
Desejas senti-la na intimidade,
Ver o seu olhar,
Ler a sua alma com a palma da mão
E possui-la com firmeza para que ela tenha a certeza
Que não pertence a mais ninguém.
Ouvi-la querer-te é o que desejas
mas ela será Tua na eternidade da palavra cantada por ti.
Mas permanecerá sempre a lembrança do abraço de uma noite no qual determinaste o destino 
“És minha para sempre , mesmo que no final da história morramos os dois”.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Omito o sentir




Omito o sentir nas palavras descaradas
Com as quais faço paisagens.
Omito o sentir que sinto na palma da mão
E que me escorre dos dedos  através da tinta
Que corre neste coração.
Omito o sentir
Para acalmar estas línguas de fogo
Que consomem este pedaço de papel que rasguei
E larguei ao vento
Num simples suspiro e num lamento
como a guitarra que chora com o vibrar das cordas
do coração que sente a saudade.
Omito o sentir mas não procuro as palavras ideais
Mas aquelas que me ajudam a pintar esta tela de sentimentos reais.
Omito o sentir
não nas palavras escritas mas nas que ficaram por dizer.
São as que estão nas entrelinhas e que é necessário esconder.
Pois não interessa escrever a realidade se não a conseguimos ver .

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Tic-tac



Tic-tac continuas a bater
Tic-tac…
Bate segundo a segundo
Deixando-te ligado ao mundo.
Esse pedaço de ti que trazes na palma da mão
Sentes a batida
Mas não percebes a razão.
Olhas para ele e não vez utilidade
Porque querias pará-lo para manter a sanidade.

Querias que fosse de pedra
Para ser difícil de partir
Mas deixaste-o cair e ficou em cacos
Tentaste colá-lo e ficou em pedaços.
Querias que fosse de gelo
Para poderes mantê-lo frio
Mas veio o Sol  e derreteu-o com o seu brilho.
Querias que fosse de papelão
Para aí escreveres a tua verdadeira essência
Mas  se viesse a chuva iria desfazer-se como um castelo de areia.
Essa peça fundamental que faz de ti aquilo que és
E está repleto de ti…

Macio como as pétalas de rosa
Que deixa escorrer as gotas de água como se fossem lágrimas
Leves, breves e suaves.
Pequeno pois cabe na palma da mão
Mas é tão grande como a imensidão.
Frágil como o cristal
Que quando estala, fica marcado.
Simples como uma folha de papel
Que muitas vezes fica rasurado
Mas que continua a reinventar as suas histórias
Que refletem aquilo que vai em ti, coração,
Tu que és
Um pedaço de vidro rasurado com um lápis de carvão.