quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Amor submisso


Deixo-me vaguear pelas ruas caiadas
Com Esse amor submisso que envergo nas roupas rasgadas
Com que visto o meu corpo.
Esse amor tão ardente
Que me faz sentir diferente
A cada passo que dou.
Olho para lá no horizonte e não sei quem sou
Mas sei que existo e nesse exato momento me dou.
Esse amor tão singelo
Que me faz medo perdê-lo a cada esquina que dobro
Esse amor submisso
 que guardo como se fosse preciso
Escondê-lo de quem não o vê.
Esse amor submisso que na simplicidade da sala
Deixou a cadeira a baloiçar
Num simples repousar de corpos adormecidos.
Esse amor submisso
Que deixa entrar pela janela
O raio de sol que nos paralisa, aquece e imobiliza
Com a sua enorme beleza.
Esse amor submisso
Que nos faz sentir com o coração
Que nunca nos faz dizer não.
Esse amor submisso que nos faz querer estar presos
Ao incerto desejando ter por certo
O amor que não conhecemos.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Rosa de sangue


Pela janela Maria viu que a noite não tinha estrelas.

Mas na solidão dos ponteiros do relógio

Ouvia o tique-taque.

Mas lá no fundo da escuridão

Mergulhou a ténue solidão.

O relógio parou.

Viu à luz ténue do nevoeiro o teu rosto iluminado.

Correu para ti pois pensava que serias o seu amado.

Procurou no teus olhos

O brilho que queria que fosse o seu.

Serias a sua existência.

A sua alma e o seu corpo seriam teus.

Na ousadia se revelaram os corpos envolvidos pelo desejo e mistério.

Aspiraste o seu desejo com toques delicados.

Mas com espinhos acariciaste o corpo que dizias amar.

Fragmentaste a sua alma

E deixaste-a a esvair-se no sangue

 Que um dia te fez pulsar.

E num amor tão louco que destruiu o jardim de rosas

Caiu a alma que se deixou amar

Pelas trevas criadas por si.

Amanheceu....

Maria volta a olhar pela janela

E o nevoeiro dissipou.

O relógio volta a contar o tempo.

A noite voltou a ter luar.

Partiste....

A noite permanece escura numa ténue solidão

Que se quebra docemente

Com um beijo de despedida eterno.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Foi muito mais



Foram mais que as palavras
Foram os gestos que eram teus
E os desejos que trocamos no meu mundo e no teu.
Foram os passos do silêncio
Que segui sem hesitar.


Foram as palavras que hoje escrevo

Que são da fonte das histórias

De um passado lavrado no campo da memória.

Foram os cravos e as rosas

Que hoje trago no regaço
Com que lavrei a prosa 
que encontrei no mundo da fantasia.
Foi o  dia em que peguei na caneta 
E prendi o meu coração às cordas
 onde baloicei durante horas.
Mas foram mais que as palavras
Que deixaste no jardim,
onde plantamos as flores
que desejamos
e onde respiramos o ar cheio de inocência e jasmim.
Partilhámos toda a inocência
Que deixamos desabrochar
Nesse jardim tão colorido que percorremos sem hesitar.

Deixei nesse jardim,
Os desejos e os sonhos.
Os amores trouxe-os no regaço,
Que partilho nesse abraço.
Na corrida contra o tempo
Baloiçamos nessa corda,
Baloiçamos devagar
Só para sentir a brisa que teima em nos aconchegar.
Continuamos a baloiçar nesse mundo de ilusão,
Pois somos as eternas crianças
Que correm com o mundo na palma da mão.


E é presa a essa corda viva
 Que mantenho o meu coração
Ao qual dou a corda para manter viva a inocência
Que marcaste com a tua ausência
(que trago no regaço).

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Quero que sejas assim

És o poema que escrevo em mim
Como uma tatuagem
Que gravo na realidade que piso
Que apago e aliso
Num simples abraçar de palavras.
Quero assim a chama que não conheci.
És o corpo e o beijo em flor
És o amor que vive no jardim
Mas também a melodia
Um cheiro de maresia
E a tinta com que escrevo toda esta poesia.
És a noite e o dia
O luar do amanhecer
Onde procuro o teu ser
No envolvimento do sentir
De uma paixão.
És a loucura que reconheci
Nas noites em que me perdi e te vi
Doce, quente e intenso
Como um amante eterno.