quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Na eternidade


Cedo passa a hora
Quando nas ondas que vão e vêm
Sinto o amor nos braços e nas mãos
Pois o Mar sou eu.
Mar prisioneiro que nas profundezas
Fantasmas lá prendeu
E um dia, quem sabe, também morre(u)ram.
Ouve-se o canto sombrio
O canto dos temporais, nesse silêncio mortal.
Rompeu-se aí a saudade
Na dança de sombra e luz
Que encanta e seduz.
enquanto se aguarda o rasgar da escuridão
Na eternidade que é um relógio sem ponteiros.

sábado, 17 de novembro de 2012

Anoiteceu


Fiquei suspensa
Presa com essas algemas libertadoras
dessa dor deliciosa.
Despida à luz do crepúsculo
Sou tua
e entrego-me contra essa parede rubra.
Tiro o teu sossego.
Cada linha do meu corpo
Guardaste na tua bola de cristal
Sufocaste o meu sentir
Nesse beijo profundo e intenso,
força que me prendeu a ti.
Morri em ti, meu pássaro de fogo
Que num sopro fez de mim um ponto de luz
Que se desfez numa vertigem noturna
nas margens do leito.
Um momento com sabor e a preto e branco.
Anoiteceu.

sábado, 10 de novembro de 2012

O anjo das asas caídas


No meu castelo de ruínas
O meu corpo vagueava
como um fantasma vagabundo
com roupas de sombra para cobrir o que não se via.
No fundo das entranhas
Revolvia-me uma vontade estranha:
Partir a alma em 1000 pedaços
e assim morrer
Para não sentir e poder viver.
Revolviam-me as sombras numa pura ilusão
Que me acordavam das insónias
E no sonho que já não se ouvia
Palpitava o coração que não sentia.
Via um vulto que me guiava de repente
e estendia a mão lentamente
e eu dava a minha Vida,
Inconsciente.
Beijava-me o corpo docemente
e no seu canto de embalar dizia:
“Não és nada. Nunca serás nada”.
E eu olhava para o fundo e dizia
“Ninguém me vê”.
Perdi-me nos versos que alguém lê.
Era sombra da sombra
que vagueava na rua.
já não amanhecia
Pois a luz já não nascia.
“Matei-a”, confesso.
As escadas ocas serviram para subir
até à torre mais alta
Para ouvir os sinos dobrar
Quando o sono vinha para mim:
Mero silêncio.
Agora não digas nada:
Sou uma sombra leve,
Anjo das asas caídas.

domingo, 4 de novembro de 2012

Nas asas de um anjo


As sombras tornaram-se defuntas
Na hora em que as nossas bocas juntas ficaram
E na hora em que o teu olhar me despiu
E me fez arder ansiosa no desejo.
Fizeste acordar em mim o Amor perfeito
Que no meu peito
trago a pulsar.
Nos teus astros de fogo,
olhos ardentes,
provocaste em mim esta febre
que me deixa completamente
despida de barreiras.
Faz  de mim uma submissa tua
que vagueia pela estrada tua,
as linhas do teu corpo.
Ouço o teu respirar junto ao meu ouvido
Quando fechas o meu mundo nos teus braços
e prendes nos teus dedos delicados
a minha alma.
É essa fantasia que vejo:
Num apelo mudo
Ouço o teu gemido
Que se torna agudo
E nos embriaga nesse prazer.
No momento em que cravo as minhas mãos
Nas linhas do teu rosto,
Sinto o sangue a fervilhar
E me faz elevar ao cimo do nosso desejo
E eu voo nas asas de um Anjo,
que és tu.