sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

No teu poema amor


No teu poema amor
 
posso morrer agora
 
Quando as sombras adormecem.
 
Ainda não é tarde.
 
Posso morrer agora
 
quando o dia desfalece
 
Nos braços da tua fantasia
 
e não morreria nua e vazia.
 
Mas apenas com o que preciso:
 
uma caricia e um sorriso.
 
No teu poema amor
 
Entre os teus lábios morreria.
 

Amo-te e não conheço ninguém como tu.
 
Quando não existias o vento uivava,
 
A chuva chicoteava a minha janela,
 
O vento espalhava as folhas pelo chão
 
E os pássaros fugiam.
 
Mas tu não fugiste.
 
Ouviste sempre o meu grito
 
Mesmo quando matei a luz do amanhecer.
 
Beijaste-me desde cedo.
 
Mesmo distante ouvias a voz que não te tocava
 
Distante e dolorosa,
 
como se tivesse morrido.
 
Mas o teu sorriso escrito no Canto da Primavera
 
Fez-me acordar e
 
desejar morrer no teu poema.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

A Silenciosa



Triste silenciosa
 
Com olhos de ausência

Voz triste e lenta

De ti outras coisas ocultas emergem.

Palavras misteriosas e enraizadas em ti

E que invadem as muralhas de papelão

Dilacerando-as na fuga.

Louca silenciosa.

Solidão que prevalece

Onde existem furacões de sonhos

De tudo e coisa nenhuma.

Vozes roucas e suplicantes

Que te fazem fechar os olhos

Por breves instantes

Quando a noite se expande.

Silenciosa!

Com o peito rasgado por essa ansiedade

que não compreendes

Passeias com ele bem aberto

Estando o caminho deserto

E o orvalho cai sobre as rosas.

E assim amas em silêncio.
 

sábado, 9 de fevereiro de 2013

Da minha janela


À noite outras coisas vivem
Da minha janela não vejo as estrelas
Olho a paisagem mas não vejo ninguém
Mas no fundo da escuridão
Frio e delicado como a neve
Vejo um movimento leve.
A sombra de um corpo que avança devagar
E ousa revelar-se.
Finalmente vens ao meu encontro
Ajuda-me a fazer silêncio
Quando tenho uma vontade de chorar
que vem de dentro.
Está frio e apenas tenho uma capa
Que o meu corpo pouco tapa.
Envolves-me como a noite
Deixas-me despida
sem nada.
Tenho só o corpo, que sou eu
E o teu amor que é meu.
Agora é tarde…
Já amanheceu (em nós).

sábado, 2 de fevereiro de 2013

O pecado está servido


Esta noite a mesa foi posta
Com a certeza que a noite será vossa.
Não existem loiças de luxo ou outras coisas que tais
Existem pratos humanos
e outras delicias tropicais,
Todas cozinhadas com o calor que nesse espaço faz.
O jantar é servido mas os convidados saltam na ementa
E começam com a sobremesa.
Para começar colocou-se num dos pratos
mousse de frutos silvestres
Que serviu de creme corporal
Que foi espalhado nesse prato
com uma massagem
que ficou marcada na pele
com a língua que fez a sua passagem de uma forma relaxante.
Mas tudo ficou mais excitante com a introdução de uma nova iguaria
Calipo de morango que foi saboreado devagar
e que apesar da sua frieza,  acabou por desaparecer
No momento em que começou a derreter nos lábios quentes
De quem o estava a saborear
Transformando-se num sumo bem apetecível de refrescar
a chama da boca de quem o sentiu.
Mas ninguém estava satisfeito
E ele saboreou o creme de um doce bem apetitoso
um crepe recheado com chocolate e canela.
Deixou-se ficar com esse sabor na língua
que era tão afrodisíaco que era impossível de recusar
e que o deixou louco de excitação.
Saboreou e apreciou todos os condimentos desse prato tropical
Bem feito e delineado com a doçura e extravagância natural
Mas os morangos foram o digestivo ideal
Servidos na boca de quem esteve presente
E que fechou os olhos para sentir a frescura desses frutos
Servidos com o beijo que amanheceu a noite.