sábado, 17 de maio de 2014

A Química

 
 
Num tubo de ensaio

bem esterilizado

coloco o Amor que é um bom solvente.

Junto apenas o que a Alma sente.

Esta experiência irá servir para quem?

Nem eu sei bem.

 

Não se procura densidade.

Não se procura afastamento.

Tem de haver é Liberdade

para ter.

Temos em mãos um solvente

que dissolve quase tudo.

Até o que não se consegue ver.

 

Neste caso não usamos a ampulheta

para medir o tempo de reacção.

basta contar rapidamente

os batimentos do coração.

Sobe a temperatura.

É o ponto de ebulição.

Tem cuidado que está quente.

Pode haver uma explosão.

 

Misturamos bem o solvente e o soluto.

Obtemos a homogeneidade.

A pura solução.

Não se pode separar.

É o que diz a Lei da União.

Não há, dizem, regra sem exceção.

 

Quando a temperatura desce

e fica á temperatura ambiente,

tudo se destila.

Fica tudo separado novamente.

Resulta o absinto

no fundo do tubo.

retiro um pouco com a pipeta.

Não irei provar como a Julieta

ou como o Romeu.

Não me recordo quem o bebeu.

 

Fica a amostra.

Fica registado

que o Amor se não for bem cuidado

pode levar a um mau resultado.

No Amor basta ter um tubo de ensaio

e ir experimentando para não ficar Só.

Bem dizem que o Amor utiliza a Química

que existe em Nós.

3 comentários:

  1. Bom dia Ana Pereira

    Muito bonito, o poema...Parabéns!

    Bom Domingo

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

    ResponderEliminar
  2. Você escreve poesia como se estivesse andando pelos corações mais desavisados do mundo, alertando-os como a vida é bela, o quanto de bom e maravilhoso existe nela. Parabéns!

    ResponderEliminar
  3. Não será um poema muito melódico, mas encerra uma filosofia excelente: não é só o cativar que produz amor, mas o saber cuidar para o merecer e dele usufruir. E é lindo como mensagem e fez-me recordar o saudoso António Gedeão-

    ResponderEliminar