domingo, 31 de agosto de 2014

Amanha


 
 
Pinta a janela.

Desenha-me

onde a noite começa.

Atravesso a penumbra.

 

A água rendilhada,

adormecida no fundo do copo

estremece com o sopro

do teu toque

contra o meu corpo.

 

Derramo o rendilhado

no chão armadilhado

pelo desejo de ti.

Reescreves-me poro por poro.

Fazes das palavras

Água.

Deixo-me diluir

na tua língua.

Percorres-me inteira

as veias

do meu ser.

 

Desperto submersa

nos timbres esquecidos.

Fico na fronteira da tua voz.

Estamos sós.

 

Inunda-me a ternura.

Ato-me nos teus dedos.

Perco o sentido do tato,

quando revelo o teu retrato

em olhares letrados

que tudo dizem.

 

Deixas o cheiro na raiz da pele.

Deixo os meus cabelos caídos,

doces lembranças

de um Amor

renovado.

 

Amanha um poema irá abraçar-te

e eu irei beijar-te

em Silêncio.

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