sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Rainha das Sombras


 
Foto: Igor Voloshin
 
 
Estou empoleirada na tua alma.

Canto uma música sem palavras.

Desperto incendiada no teu pensamento.

Parada no tempo dás-me asas cortadas

nos versos que me escreves.

 

Teces o meu vestido

com linhas de tinta.

Encostas-me às margens.

Não há fuga possível.

Desfias-me.

Remendas-me.

Sou nó.

Cega de ti.

 

Apertas-me num abraço

como um botão de rosa.

Assim sinto-me em casa

contigo.

Tornas-me singular

para encontrar

múltiplas formas de me definir.

 

Sou um poço sem fundo

mas mergulhas no meu mundo.

Ouves o meu canto de abismo.

Somos um canto fechado

entre quatro paredes.

Torno-me um corpo alado

a teus olhos.

 

Vejo-te como sei.

Passo os dedos pelos teus lábios

sedentos de mim.

Fecho-me em copas

e calo a tua boca num beijo sem fim.

 

Deitas a cabeça

no meu regaço.

As linhas cujo traço

ilumina as minhas asas

à luz negra da noite,

torna-me Rainha de Sombras.

1 comentário:

  1. Boa tarde

    Parabéns pelo fantástico poema! Adorei

    Bom fim se semana!

    Beijos

    http://coisasdeumavida172.blogspot.pt/

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