sábado, 23 de maio de 2015

Ofertório


 
 
Foto: Paulo Taborda
 
 
Ficamos no limbo.

O tempo está acorrentado.

Não temos asas

mas braços.

 

Bebes a água da boca.

Percorres a planície

do corpo.

 

Desampara-o

e tira-lhe o descartável

pois morreu.

Surgirá algo palpável.

Dá-lhe vida.

Sou eu.

 

Sussurro-te versos,

os meus pecados.

Achas que serão perdoados?

 

Fecunda os sentidos

e nascerá poesia

corporal.

 

Há o presságio do abismo

que nao vem em nenhum

mapa astral.

Ficas dentro do corpo

que não é teu.

Nao estás possuído.

Agora és meu.

 

Desperta a carne.

Nada é espiritual.

Podes chegar ao céu.

Levando contigo um pecado

bem original.

 

Nos sonhos ávidos

de desejos nossos,

em chama cor de sangue

nasce uma rosa sem espinhos. 

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