domingo, 21 de junho de 2015

Ida e (Re)volta


Foto: A. Brito 

Partirei quando vir

o teu perfil como

caravela dourada

e a tua pele entranhada

de perfume que não há.

 

Partirei quando a terra

de nevoeiro

ficar saturada e conseguires

escrever-me ecos compassados

de silêncios.

 

Partirei na inexistência de mares

bocais

nunca antes navegados.

 

Mas haverá sempre ida e uma (re)volta!

 

Regressarei na barca da estrofe

com remos de

versos

canelados e apimentados

em sentido proibido.

 

Regressarei quando caírem

as primeiras sílabas

na espuma branca

do mar de poesia.

 

Regressarei quando me vires

além do poema

e me tornares voz

na corda (vocal)

onde me fazes baloiçar.

 

Vestidos de fogo,

iremos enxugar as palavras

naufragadas

e guardadas em gavetas orvalhadas.

 

No regresso abriremos

essas arcas proibidas

cobertas pela verdura

dos meus olhos.

 

Regressarei morta por

despir e por amar.

 

Apenas para ti

abrirei a rosa cálida,

plena e húmida

que trago.

 

Fundir-me-ei contigo

quando recolheres a luz

que imana do meu corpo.

 

Abrirei as comportas

do peito

e dos nossos lábios entreabertos

deixaremos partir

a língua com o pecado

a bordo.

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