sábado, 19 de dezembro de 2015

Impressão digital


 
Abro os caminhos

ladrilhados pelos passos

que não dei.

Mantenho a verticalidade

mas permaneço na perdição.

Para onde vou, não sei.

 

Ultrapasso os muros

que me cercam.

Num passo em falso,

sei da robustez do chão.

Fico a seus pés.

 

Da terra posso ver as estrelas

e as pedras choram por mim.

Suportam o peso

e o que sou.

 

Fico à distância do estender de mão.

 

Amparo-me

na impunidade

que se mantem firme.

 

Não subo degraus.

Elevo-me

para ficar vertical.

Foge-me a língua

para os olhos.

 

Vejo a serenidade

quieta da existência.

 

Deixo o sorriso sofrido

enroscado nos murmúrios

das ruínas

do meu corpo

retorcido.

 

Não voltei a pisar

as pedras da rua

que me possuíram

e onde deixei a minha

impressão digital.

7 comentários:

  1. E eu fico aqui sem entender nada além da beleza da sua poesia.

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  2. E que quaisquer que sejam os caminhos percorridos... se consiga manter a nossa verticalidade... que é mesmo a nossa identidade... a nossa impressão digital...
    Como sempre um poema que adorei... feito de palavras fortes e decididas...
    Aproveito, para lhe desejar, Ana, um Feliz Natal, pleno de afectos, saúde e paz!
    Um beijinho grande! Estarei de volta, depois do Natal!
    Festas Felizes!
    Ana

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  3. Um belíssimo poema. Com Alma!
    Feliz Natal
    beijinho, Ana

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  4. Poema muito bonito
    ......................
    Neste Domingo de Paz, passo para desejar um Natal muito Feliz para a administração do blogue, amigos, família, e para todos aqueles que gostam deste cantinho lindo

    FELIZ NATAL

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  5. Sabemos que as pedras têm alma pelo andar ansioso de nossos passos...
    Mais um belíssimo poema.
    Desejo um Natal cheio de conforto e um Ano Novo com muita Saúde, Paz e Amor.
    Beijo.

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  6. Impressionante o que fazes com as palavras. Gastaste-as todas que me fica impossível comentar o que quer q seja . Parabéns ! E umas óptimas entradas.

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  7. Outro poema que adorei, a escolha da imagem a nossa impressão digital,aqui no meu silêncio leio os teus lindos poemas Ana e devo dizer-te que os sinto com alma e coração.
    Beijinho

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