Não te falo da dor
que me revolve as entranhas,
dos enganos de alma repetidos
nem da fome dos sentidos.
Não tenho apetite.
Hoje lanço-me
de pernas para o ar.
O esqueleto
guardo-o no armário
e a alma na cama.
Está tudo ao contrário.
Está tudo invertido,
em repouso,
No quarto
sem passos
nem pássaros.
Hoje abandono-me
e perco o caminho.
O exterior das coisas
Faz perder a roupa,
deixando à solta
os rios de sangue
a correr pelo chão.
Não contes que, por isso,
me tens na mão.
O meu lamento
bate à janela
no soprar do vento.
Agora poderei assumir
qualquer posição,
tal como as palavras,
pois então.
Talvez este poema
não esteja no ponto.
Talvez deva terminar
com uma virgula.
Está tudo de pernas para o ar.
"Está tudo de pernas para o ar". Concordo.
ResponderEliminarUm belo poema.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarpeço desculpa, mas o meu comentário poderia levar a interpretações dúbias, quiçá ofensivas, por isso o retirei..
ResponderEliminarmas quero dizer que gostei de ler este poema desalinhado...
E por vezes... só assim, as coisas levam jeito de ser entendidas... quando já não se procuram explicações... e quando o que está de pernas para o ar... é que tem pernas para andar... porque não aceitar?...
ResponderEliminarUm belíssimo poema, Ana!
Beijos
Ana
Na verdade improvável
ResponderEliminarpois é, por vezes achamos que está tudo de pernas para o ar.
ResponderEliminarfases que por momentos nos assolam.
amanhã é outro dia!
beijinhos
;)