domingo, 14 de fevereiro de 2016

É ridículo




Tenho o teu silêncio

preso na chama(da)

caída no meu ouvido.

Nunca te liguei.

 

Desconheces a minha morada

por isso,

a caixa de correio

nunca trouxe Amor

rabiscado numa folha.

 

Seria um Amor registado

com aviso de receção.

Seria um envelope selado

com o teu cheiro a mofo.

 

Estaria de mãos abertas

para te desvendar.

 

Nada disto seria ridículo.

 

Com sentimentos esdrúxulos,

com palavras agudas,

prenderias o meu coração

com a corda da possessão

em todos os espaços

da imaginação.

 

Nada disto seria ridículo.

 

Iria passar os dedos na tinta

e folhear-te,

e isso iria deixar-me faminta

de ti.

 

Todas as Palavras

seriam beijos

nos lábios.

 

Nada disto seria ridículo.

 

É raro ver química

em pedaços de matéria.

 

Hoje fecho a gaveta

onde tenho as folhas brancas

com as palavras que

nunca me disseste.

 

Isso sim.

É ridículo.

8 comentários:

  1. uma bela cascata de imagens poéticas

    gostei do poema

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  2. Gostei imenso deste teu poema, é magnífico.
    Boa semana, querida amiga Ana.
    Beijo.

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  3. Lindo poema. Desejo a você uma bela tardinha inspiradora

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  4. Como é belo estes versos tristes!
    Abraços, Ana!

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  5. Há silêncios que falam...
    E há silêncios... que mostram que nada se tem para dizer...
    De alguma forma... acabamos por diferenciá-los... mesmo quando os segundos, também são dolorosos... de se fazer ouvir, sentir...
    Lindo, o poema!
    Bjs
    Ana

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  6. Ana,
    De poema em poema, vou descendo pelo blogue.
    Da ironia passo para o que parece ser ridículo porque não se passou " os dedos na tinta

    e folhear-te" - bonito.


    bj amg e tem um bom fds

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