terça-feira, 17 de maio de 2016

Queres uma maçã?



Foto: Alexander Motylev

Não falo para as paredes

sobre as coisas do corpo.

Não sou feita de pedra.

Sou feita de carne e osso.

 

Irreconhecível.

Irresistível.

 

Deixaste-me sem direção

quando desfizeste

as curvas em contramão.

 

Nada disto é terreste.

Vamos navegar?

 

Mantivemos a língua

nas bocas.

Queres falar sobre isso?

 

Entreguei-te tudo

até ficar sem a roupa do corpo.

Fiquei pobre.

 

Subiu-se o mastro.

Içamos velas sem pano.

 

Navegamos em rio aberto

com suor,

sangue a pulsar,

sem lágrimas.

 

Íntima travessia

em que deslindas

todas as rotas.

 

Foram pedaços

de mau caminho

que se descobriram.

sem tormentas.

 

Apenas abraça (deiras),

não correntes.

Nelas navegamos nós.

 

Colho o fruto maduro

que me cai nos lábios.

 

Dá-me as tuas

mãos de liberdade.

 

Somos apenas fantasmas

em lençóis despidos,

ocultos pelo desejo

do fruto proibido.

 

Afinal,

o coração não é direito

pois ocupa o lado esquerdo

do peito.

 

Queres uma maçã?

5 comentários:

  1. Muito original.

    Afinal,

    o coração não é direito

    pois ocupa o lado esquerdo

    do peito.

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  2. Não se deve entregar tudo.
    O coração é um trôpego que nos desorienta.

    Muito bom.
    bj amg

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  3. "Íntimas travessias". As vezes até comer uma maçã pode ser um íntimo regozijo.
    Um belo poema.
    Beijo.

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  4. Wow! Adorei ^^ posso levar?

    Beijinho,
    http://danielasilvablogof.blogspot.pt/

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  5. Quero!!!!
    Apreciar esta maravilha de post... para ler e reler!...
    Fantástico poema!!!!
    Bjs
    Ana

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