sábado, 3 de setembro de 2016

Post Scriptum





Foto: Joana Lora


P.S. Começa a viver pelo final.

O que interessa é o que escreverei depois.

Não agora.



Lê esta carta escrita para ninguém.

Eu não sei nada de nada.

Tenho um desejo doido

de gritar

no quarto, na cozinha

ou na sala de estar.



Fora da porta

ocorrem terramotos

que remexem o que está soterrado.

Anda tudo desatento.

No final apenas os fantasmas

Morrerão de esgotamento.



Há o laço na raiz.

Sento-me no chão

e a saia escorrega.

Converso com o mendigo.

Nada lhe peço.

Ele dá-me um beijo mordido.



Na terra virgem

há segredos que se escondem

nas lagoas dos olhos.



Molho os pés no mar.

Vem a onda.

Abro o corpo

para a espuma branca.



O grito provoca o espasmo.

Não era de frio.

Era apenas um orgasmo:

uma fugaz eternidade.



P.S.  O melhor vem sempre no fim.

4 comentários:

  1. Impossível não gostar...
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  2. Um belo poema, cheio de sensualidade e paixão... Muito bom.. Um bj

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  3. Do melhor... é o que eu sempre acho, da forma autêntica como escreves...
    Beijinho
    Ana

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