sábado, 18 de fevereiro de 2017

Corpo




Foto: David Ben Haim

O meu vício

é atirar-me para cima de ti

como se fosses um precipício.

Gosto de queda livre.



Beija-me para encontrares o céu.

Ele está na Terra.

Assim já podes voar

sem levantares os pés do chão.



Não percas o gesto

sentido,

se vires o corpo

despido.



Afinal,

Um cabide com roupa

é um corpo sem

Alma.



Segura-me na mão.

Morde-me o pulso.

Vai até ao ombro.

Desliza até ao pescoço:

é aí que passa a guilhotina.

Posso perder a cabeça.



Sabes,

escondo-me atrás

de coisas simples:

roupa descartável.



Nada disto é mentira.

Quem vos escreve

é um corpo que respira.

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